Bem-vindo!

Dois ou três reunidos em nome de Jesus em qualquer lugar é uma igreja. Não precisa ser gente boa, religiosa ou autorizada para isso, porque, igreja é viver com Deus andando no Caminho que é Jesus. Nessa caminhada de cada dia é que a igreja existe, sem isolamento nem exclusivismo, mas com dinamismo e convívio com todas as pessoas. Seguir Jesus é algo definido e consciente, mas não significa formar um clube fechado. Jesus mandou os seus se misturarem.

A Comunidade do Caminho é feita de caminhantes identificados pela fé comum sem que ninguém tenha que perder sua identidade pessoal. Unidade e diversidade não se contradizem entre aqueles que seguem a Jesus, visto que as pessoas são livres para serem elas mesmas, podendo se encontrar e continuar se encontrando, ou nunca mais aparecerem sem com isso ficarem devendo nada. Há quem goste, há quem não goste, há quem se maravilhe, mas há também quem estranhe o que ouve e veja. Mas é assim mesmo que acontece no caminho. Jesus nunca tentou consertar as diversas reações enquanto ele caminhava com seus seguidores, porque seu propósito nunca foi criar uma religião reunindo uma multidão. Os evangelhos mostram Jesus dando condições para quem queria segui-lo e até mandava voltar para casa outros que lhe pediam encarecidamente para irem com ele.

Jesus veio do céu para semear os filhos de Deus pelo mundo afora em todos os lugares. Eles se encontram enquanto caminham pela vida, amando todos que encontram nos encontros ou fora deles. Jesus nos comparou com sal e luz, mostrando desse modo que não devemos ficar no saleiro (templo) nem num lugar escondido, mas visivelmente como uma cidade edificada sobre um monte. Jesus não veio para nos tirar do mundo, mas para nos livrar do mal.

Jesus não nos chama para o confinamento da fé, mas para andar nele no chão da vida até que cheguemos à casa do Pai onde há muitas moradas. Nessa caminhada andamos e nos encontramos com os que têm fé e também com aqueles que confessam incredulidade. Nosso papel não é julgar ou separar os que são ou não são de Deus, mas amar indistintamente a todos com amor incondicional como Deus que é bom até para com os ingratos e maus. Assim devemos ser com todas as pessoas que cruzamos pelo caminho.

A Comunidade do Caminho não tem nenhuma pretensão de criar um grupo recluso, pois Jesus nunca ensinou isso; também não queremos formar uma democracia onde a maioria predomine sobre a minoria. Somos cidadãos do Reino de Deus que se expressa no mundo real e não sectários que tentam determinar territórios sagrados ou pagãos. Jesus não autorizou ninguém a dizer quem é dele e quem não é. Na igreja, cada um se assume conforme sua consciência no Evangelho. Uns se identificam como trigo, enquanto outros se identificam como joio, mas apenas Jesus pode fazer separação entre eles. Não cabe a nenhum de nós fazer separação entre bons e maus. A cada um de nós que confessa ser de Jesus, cabe apenas amar a todos vivendo na liberdade que o Espírito Santo de Deus nos dá, rejeitando o curral da religião.

Mas, se é verdade que a Igreja deve viver para fora, amando a todos e tratando a todos como Jesus tratou, sem acepção; também não podemos negar que existe outro modo de ser igreja que não devemos acatar, porque vai contra o que Jesus nos mostra nos Evangelhos. Esse outro modo de ser igreja chama as pessoas para viverem para dentro, enclausuradas em um estilo de vida estéril onde “irmãos” são apenas os que fazem parte da mesma organização eclesiástica. Buscar relacionamentos fora desse ambiente religioso é chamado de mundanismo e frieza espiritual. Mas Jesus fez exatamente o contrário disso. Ele vivia mais nas ruas do que no templo, ele entrava em qualquer lugar e comia em qualquer casa que lhe convidasse.

Jesus deixou a glória do céu e habitou entre nós, tornando-se semelhante aos homens, exceto no pecado. Ele viveu como um homem comum, com cara de judeu, sotaque de judeu, sempre contextualizado ao seu meio. A mulher samaritana o reconheceu como judeu mesmo não sabendo que ele era o Messias. Judas deu um sinal aos que com ele prenderam Jesus, pois poderiam confundi-lo com algum apóstolo, tal era sua naturalidade humana.

Jesus viveu para fora, nunca para dentro do judaísmo; e encarnou-se para viver entre nós. Por isso, não podemos conceber que a Igreja viva isolada da sociedade. A primeira igreja se isolou e precisou de uma perseguição para aprender que o campo é o mundo. Jesus disse que assim como o Pai lhe enviou ao mundo, ele agora estava enviando os seus por todo o mundo.

Na caminhada da fé nos encontramos para experimentar fraternidade onde aprendemos uns com os outros e nos ajudamos mutuamente. Porém, esse ajuntamento é apenas uma parada para recarregar as baterias e prosseguir, e não um fim em si mesmo. Os encontros se dão por breve tempo, não o tempo todo; a vida acontece lá fora, não dentro dos locais “sagrados”.

A Igreja não precisa ter um rol de membros com condições estabelecidas porque ela existe com aqueles que conscientes e espontaneamente se deixam guiar pelo Espírito Santo, vivendo de um modo digno do Evangelho. As listas de sócios cabem bem aos clubes, não na igreja dos regenerados pelo Espírito de Deus. A Comunidade do Caminho existe enquanto congregada, mas logo é dissolvida na sociedade, onde cada um se revela como de fato é na essência do ser.

Acreditamos que é possível viver para Deus sem as complicações religiosas e os vícios de piedade sem poder, amando a Deus e ao próximo conforme o Evangelho, com saúde integral e leveza de alma, pois o jugo de Jesus é suave e o seu fardo é leve. Enquanto viveu assim, a igreja contou com a simpatia de todo o povo e crescia em graça diante de Deus e dos homens.

Na Comunidade do Caminho primamos pela igualdade sem categorizar as pessoas entre melhores e piores porque somos irmãos. Desse modo, todos se ajudam, pois quem anda no caminho está sujeito a cair, mas se levanta, para continuar a caminhada; assim, quem fica entristecido não perde a alegria; quem é injuriado, abençoa; quem é perseguido, suporta; quem é caluniado procura conciliação. Temos plena consciência de nossa humanidade, o que nos faz viver com naturalidade sem negar nossas limitações em todas as dimensões. Procuramos viver motivados pelo amor, pois sem ele nada tem proveito, é como bater numa lata vazia que só produz barulho. Sabemos que em Cristo todos estamos limpos dos nossos pecados, mas lavamos os pés uns dos outros ao sujá-los na caminhada.

Não fazemos acepção de pessoas nem propaganda religiosa para defender um credo. Falamos do amor de Deus com a vida, às vezes com a boca, exalando por onde passamos a fragrância do conhecimento de Cristo. O ditado popular diz: “A propaganda é a alma do negócio”, mas nós não estamos em nenhum negócio. Não temos a mínima pretensão de ser uma denominação evangélica, nem temos nenhum anseio de divulgar nosso nome, mas apenas semear o Evangelho no campo que é o mundo. Andamos juntos porque reconhecemos a importância da convivência, mas não priorizamos uma fachada. Como testemunhas de Jesus precisamos compartilhar nossa fé, mas isso deve acontecer mais por atração que por coerção, pois, enquanto vivemos o evangelho, o Senhor Jesus acrescenta dia a dia o número de salvos.

Os primeiros discípulos de Jesus foram chamados de “seita” porque não faziam parte da religião oficial. Como seguidores de Jesus também não fazemos parte de nenhuma estrutura eclesiástica formal nem temos nenhum compromisso com o tradicionalismo religioso. Nossa vocação é viver o Evangelho com toda a humildade e mansidão, com paciência, suportando uns aos outros em amor. Priorizamos os relacionamentos e não as estruturas. Não temos formalidades nem rituais programados em nossos encontros, porque entre nós as coisas simplesmente acontecem. Entendemos que a vida cristã é para ser vivida e não estruturada em esquemas empresariais ou doutrinas de homens. Portanto, se o Espírito Santo confirmar em seu coração que esta é uma expressão da verdade do Evangelho, una-se a nós nessa caminhada no chão desta vida em direção às ruas de ouro na pátria celestial.

Antonio Francisco - Cuiabá 2 de novembro de 2010 - Facebook da Comunidade do Caminho