Você prefere o deus morto ou o Deus vivo?

Perguntar se alguém prefere o deus morto ou o Deus vivo parece uma pergunta ingênua onde a resposta obviamente da maioria será o Deus vivo, principalmente das pessoas religiosas que fazem parte de igrejas, têm alguma religião, são místicas ou devotas de alguma crença específica. Mas será que essa pergunta tem uma resposta tão clara assim no cotidiano das pessoas? Eu acredito que não seja tão simples assim, até porque acho que a maioria tem preferido o deus morto.

Uma coisa que demorei perceber no Evangelho foi o quanto Jesus é diferente de tudo o que alguém poderia pensar a respeito do Messias, o Cristo prometido pelos profetas do Antigo Testamento. Ele era de fato a pedra de tropeços rejeitada por muitos construtores. Não era sem razão que os gregos acham a mensagem do Evangelho uma loucura. Jesus não condizia com o pensamento romano imperial daquela época, nem com os ideais da história. Jesus não está em harmonia com nossas ideias e o que me parece mais estranho é que ele tinha oposição dentro do seu próprio círculo apostólico.

Hoje, enquanto refletia no texto bíblico que pretendo compartilhar em nosso encontro deste domingo a noite, essa foi a ideia central da meditação, ou seja, Jesus não combina com nenhuma religião, Jesus não condiz com o Cristianismo histórico, seja ele católico ou protestante. Uma simples leitura dos Evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas, e João, deixará claro para qualquer pessoa normal não contaminada com a mentalidade religiosa vigente, que o Jesus dos Evangelhos não é o mesmo das igrejas ditas cristãs. Com isso não estou nem dizendo que esse povo não tem nada com Deus, apenas digo que ele conhece apenas uma caricatura de um jesus criado à imagem e semelhança dos religiosos.

Quando entendi isso deixei de ser “evangélico” e passei a ser do Evangelho, visto não ser possível abraçar o Evangelho e viver como membro de qualquer igreja evangélica. Fui pastor evangélico por mais de vinte anos e afirmo diante da verdade ser impossível viver o Evangelho com suas implicações dentro de uma igreja. Eles não lhe suportarão e você não conseguirá sobreviver naquele ambiente doente de religiosidade estéril, cega, míope, e opressora.

O profeta Isaías disse que nenhuma beleza havia em Jesus que nos agradasse. Ele é único, inimaginável, nele estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento. O Cristo de Deus encarnado jamais faria ou seria o que apresentam por aí como sendo próprio dele. O apóstolo Paulo em seus dias já falava de outro evangelho (falso) e de outro Jesus que não devemos jamais aceitar. Mas é o que cada dia se observa em nossa sociedade religiosa – um Jesus criado convencionalmente para satisfazer ao sistema religioso operante.

As pessoas não conhecem a Bíblia e os que parecem conhecer leem as Escrituras a partir das interpretações que lhes foram passadas por outros que já receberam de outros e assim o efeito dominó vem mantendo esse circo louco de iludidos que pensam viver para Deus quando de fato estão vivendo para os interesses de instituições religiosas e para satisfazerem desejos pessoais e barganharem com os céus (pensam) em busca de “bênçãos” que lhes favoreçam e lhes protejam de tudo que seja desagradável nessa vida.

Depois de viver tanto tempo naquele sistema bitolado, fico vendo tantas pessoas enganadas cheias de boas intenções e sinceras, mas não menos enganadas no que fazem e pelos motivos com que fazem o que fazem para Deus. Por incrível que pareça, esse povo chega a pensar que a agenda de Deus é o mesmo que programação de igreja. Não conseguem ver que programa de igreja não tem nada a ver com o viver para Deus. Aquilo é nada mais que um programa frenético criado para manter as pessoas ocupadas e obrigadas a se medirem por aquilo que desempenham dentro da igreja. Caso não sejam ativas e produtivas naquilo que o pastor e a denominação (ministério) determinam não estão vivendo para agradar a Deus. É triste observar esse zelo sem entendimento.

O Deus vivo revelado em Jesus incomodava os discípulos que andavam com ele e certamente não combina com nossa religiosidade doente. João Batista, o profeta que Deus enviou para anunciar a chegada de Jesus achou que o Messias era tão diferente do que ele pensava que mandou alguns de seus discípulos perguntarem para Jesus: “És tu aquele que estava para vir ou havemos de esperar outro?”. Sabendo que Jesus veio do norte, os discípulos questionavam: “De Nazaré pode sair alguma coisa boa?”. Dois deles pediram para sentar à esquerda e à direita de Jesus quando ele voltasse em glória, sem saber o que estavam pedindo. Quando o cego Bartimeu clamava por misericórdia, eles mandaram ele calar a boca, mas Jesus parou na caminhada e mandou chamá-lo; quando pais traziam seus filhos para Jesus os abençoar, os discípulos lhes impediam, mas Jesus os repreendeu mandando trazer as crianças. Jesus conversava à beira de um poço com uma mulher, e eles acharam aquilo estranho. Quando as mulheres anunciaram que o túmulo de Jesus estava vazio porque ele havia ressuscitado, os discípulos pensavam que elas estavam delirando. Enfim, o Jesus dos Evangelhos era estranho para os próprios discípulos que ele tinha escolhido; imagine para os “discípulos” de hoje, ainda mais alienados do que aqueles primeiros meninos na fé.

Deus procura adoradores que o adorem em espírito e em verdade, mas os cultos contemporâneos estereotipados são cada vez mais mecânicos, dramatizados e coreografados. Na verdade, nos relacionamos com um Deus que nos parece mais morto que vivo. Muitas pessoas se assustariam se começassem a perceber que toda a terra está cheia de sua glória e pasmariam se acreditassem que Deus age e está agindo. Veja o vídeo abaixo porque ele ilustra o quando estamos acostumados com o deus morto e como seria assustador para muitos a percepção do Deus vivo e verdadeiro no qual vivemos e existimos.



Não tem como negar que a idolatria, a liturgia, a mesmice e a ortodoxia fria e morta tem sido o perfil da crença vigente. É hora de acordar e atentar para a palavra bíblica que diz: “Desperta, ó tu que dormes, levanta-te de entre os mortos, e Cristo te iluminará”.

Antonio Francisco – Cuiabá, 24 de agosto de 2014 – Voltar para Mensagens.

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