Se a "igreja" fosse Igreja... O que aconteceria?

Você pode imaginar o que aconteceria se a "igreja" decidisse ser Igreja de acordo com o Novo Testamento? Com toda certeza haveria uma doce e santa revolução em nossos dias como aconteceu no império romano nos primeiros séculos da história da Igreja. Isso só depende da de-cisão de romper com o sistema religioso chamado de cristianismo, que ao longo dos séculos tem deturpado a Igreja, contrariando o Evangelho de Jesus. Então, o que a igreja precisa fazer para ser Igreja?

1. A Igreja deve crer que ser de Jesus é andar nele radicado, edificado, e alicerçado na fé; é andar em amor, e alegrar-se na esperança da glória de Deus. Ser de Jesus não é fazer parte de uma religião, pois Jesus não criou uma religião e nunca organizou uma igreja local. Ele apenas semeava a palavra, lançava as redes, e fazia o bem por toda parte, porque Deus era com ele. A Igreja não está disputando com as religiões do mundo, não quer ser uma delas, e tampouco pretende ser a melhor entre elas. A Igreja de Jesus está para além de sistemas humanos enquadrados. Ela não cabe nos odres religiosos sempre rejeitados por Jesus. 

2. A Igreja deve crer que evangelizar é viver o Evangelho e não seguir um programa eclesiástico elaborado com a intenção de fazer prosélitos para um clube religioso. Evangelização é um estilo de vida que não depende de métodos, planos, metas, horários, locais, ferramentas, e cursos; ela acontece enquanto a vida acontece. Não precisamos “ir” para evangelizar porque evangelizamos “indo” na caminhada da vida. Quando os primeiros discípulos foram dispersos iam por toda parte pregando a palavra e levando grande alegria.

3. A Igreja deve crer que Deus nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação. Nossa missão é anunciar que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões. De sorte que somos embaixadores em nome de Cristo, como se Deus exortasse por nosso intermédio. A Igreja não existe para julgar as pessoas nem determinar o modo de vida de quem quer que seja em qualquer área que se possa mencionar. Nossa parte é anunciar as coisas boas do Evangelho e não policiar pessoas controlando-as num regime e impondo condições sobre elas.

4. A Igreja deve crer que o Espírito Santo foi enviado por Jesus, que ele está entre nós e em nós, que ele é Deus, e que somente ele é capaz de convencer o mundo do pecado, da justiça e do juízo. O Espírito Santo é como o vento, ouvimos a sua voz, mas não sabemos donde vem, nem para onde vai; assim é todo o que é nascido do Espírito. A Igreja é mensageira do Evangelho e não detentora do poder de Deus para que possa determinar o que e como as coisas podem acontecer. O Espírito é livre para fazer o que Deus quer e não o que queremos. A Igreja deve conhecer o seu lugar de testemunha de Jesus.

5. A Igreja deve crer que ela é feita de humanos e não de super-homens. Jesus disse: “Vinde a mim todos”, significando dizer que todas as pessoas podem fazer parte da Igreja sem restrição de nenhuma natureza porque ele veio para os pecadores. Jesus é a porta sempre aberta a homens e mulheres cansados e sobrecarregados que queiram receber alívio para suas almas. Jesus é manso e humilde de coração, o que faz com que ninguém fique sem ambiente diante dele. Quem o conhece quer aprender dele, porque o seu jugo é suave e o seu fardo é leve. Assim sendo, haverá um só rebanho e um só pastor; uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, age por meio de todos e está em todos.

6. A Igreja deve crer em sua perfeição em Cristo pela fé ao mesmo tempo em que é aperfeiçoada todo dia, até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, e todos nos tornemos maduros no Senhor. Sim, para que cresçamos a ponto de que Cristo ocupe completamente todo o nosso ser. Esta é a vontade de Deus, que nos tornemos semelhantes à imagem de seu Filho, para que um dia sejamos apresentados a ele como igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e sem defeito. Mas, até que isso aconteça, a igreja será uma comunidade terapêutica para si mesma e para quantos queiram a ajuda voluntária de uma igreja saudável.

7. A Igreja deve crer que a única leitura e interpretação bíblica sadia, é aquela que tem em Jesus a sua chave interpretativa. O entendimento da Bíblia passa pelas interpretações de Jesus, seus ensinamentos, e seu modo de vida. Jesus é maior que os patriarcas, os sacerdotes, os reis, e os profetas. Jesus é maior que a Bíblia, porque ela mesma testifica dele. Tudo converge para Jesus, e sem ele nada do que foi escrito faz sentido. Tudo o que foi escrito antes era sombra do que viria em Jesus, e tudo o que foi escrito depois é a realidade de sua vida e de seus ensinos. A Bíblia se presta a falar de Jesus. Quem não consegue ver a centralidade da Bíblia em Jesus não conseguirá entender sua mensagem principal.

8. A Igreja deve crer que Jesus cumpriu toda a justiça de Deus, atendendo a tudo o que era necessário para a nossa eterna salvação, de modo que nada precisamos fazer para ganhar o que de graça nos é oferecido por Deus em Cristo Jesus pela fé. Aquele que disse: “Está consumado”, não quer que sua Igreja viva entre a Lei e a Graça sob a tirania de “pastores” legalistas que enganam com doutrinas de homens ovelhinhas inseguras. A Igreja de Jesus conhece a verdade que liberta, vive na liberdade, e deve permanecer firme sem se submeter, de novo, a qualquer jugo de escravidão. A verdadeira Igreja é livre para usufruir a vida.

9. A Igreja deve crer que em Jesus somos novas criaturas; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas. O que antes era lucro, agora consideramos perda por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, nosso Senhor; por amor do qual perdemos todas as coisas e as consideramos como refugo, para ganhar a Cristo, e ser achados nele, não tendo justiça própria, que procede de lei, senão a que é mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus, baseada na fé. Nossas práticas, valores, importâncias e dogmas anteriores foram trocados por Cristo, de modo que nossa consciência é cativa do Evangelho.

10. A Igreja deve crer que ela pode ser moderna sem ser mundana, que pode contar com a simpatia de todo o povo se o amor for o seu único dogma. Ela deve ser conhecida como uma comunidade de gente boa de Deus e não meramente como uma religião cristã. A Igreja deve ser como a árvore da parábola aonde as aves do céu vêm aninhar-se nos seus ramos. Ela não se incomoda com a presença de quem quer seja no seu meio, pelo contrário, ela está sempre aberta a todos que queiram caminhar no chão do Evangelho, aceitando e respeitando a individualidade de cada pessoa. Quando a "igreja" for como Jesus, todos a ouvirão com prazer.

Quando essas verdades forem encarnadas na “igreja”, a unidade da fé entre todos que confessam o nome de Jesus começará a ser percebida entre as pessoas, apesar de todas as diferenças existentes entre nós. O conteúdo do Evangelho vivido no poder do Espírito Santo numa sociedade corrupta e perversa como a nossa romperá todos os odres até então suportados em nome da religião nominal e hipócrita. O mundo ainda não viu o que Deus pode fazer por uma "igreja" que se torna Igreja de acordo com o Evangelho de Jesus.

Antonio Francisco - Cuiabá, 15 de novembro de 2013 – Voltar para Perguntas e Respostas.