Um novo caminho

"A igreja restaurou o inferno ao se tornar uma máquina implacável e arbitrária", disse Leon Tolstói. A igreja desconhece a liberdade e a simplicidade conquistadas na cruz por Jesus e oferecidas a cada mortal. O refúgio da igreja tem se tornado um inferno para milhões de mentes culpadas e cansadas com o ativismo eclesiástico. O zelo sem entendimento sobrecarrega e vicia pessoas na religiosidade oca. Mas, existe um novo caminho para Deus, acessível a todos em todos os lugares.

“Tendo, pois, irmãos, intrepidez para entrar no Santo dos Santos, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou pelo véu, isto é, pela sua carne, e tendo grande sacerdote sobre a casa de Deus, aproximemo-nos, com sincero coração, em plena certeza de fé, tendo o coração purificado de má consciência e lavado o corpo com água pura. Guardemos firme a confissão da esperança, sem vacilar, pois quem fez a promessa é fiel. Consideremo-nos também uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras. Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos admoestações e tanto mais quanto vedes que o Dia se aproxima”. (Hebreus 10.19-25).

A antiga aliança de Deus com Israel tinha preceitos de serviço sagrado. Moisés, o líder libertador, falava com Deus pelo povo e com o povo por Deus. Depois vieram os sacerdotes que mediavam essa relação com o Eterno. No início, o tabernáculo (uma tenda móvel), era o local do encontro com Deus; depois o templo fixo construído no reinado de Salomão tornou-se o centro de culto da nação – a Casa do Senhor. O tabernáculo assim como o templo, tinham três divisões: o pátio, o Santo Lugar, e o Santo dos Santos. Os animais eram sacrificados no pátio, no Santo Lugar ficavam a mesa com os pães da proposição, o candelabro, e o altar do incenso. Um véu separava o Lugar Santo do Santo dos Santos, onde ficava a Arca da Aliança, símbolo da presença de Deus. Apenas o sumo sacerdote entrava naquele lugar uma vez por ano no Dia da Expiação com sangue de animais para pedir perdão a Deus por ele e pelo povo.

Jesus veio e mudou tudo aquilo, pois, quando se muda o sacerdócio, necessariamente há também mudança de lei, constituído não conforme a lei de mandamento carnal, mas segundo o poder de vida indissolúvel. Portanto, por um lado, se revoga a anterior ordenança, por causa de sua fraqueza e inutilidade (pois a lei nunca aperfeiçoou coisa alguma), e, por outro lado, se introduz esperança superior, pela qual nos chegamos a Deus. Por isso, é que Jesus pode salvar totalmente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles. Ele não tem necessidade, como os sumos sacerdotes, de oferecer todos os dias sacrifícios, primeiro, por seus próprios pecados, depois, pelos do povo; porque fez isto uma vez por todas, quando a si mesmo se ofereceu. Jesus é o único Mediador entre Deus e os homens.

Ora, o essencial das coisas que temos dito é que possuímos Jesus como sumo sacerdote, que se assentou à destra do trono da Majestade nos céus, como ministro do santuário e do verdadeiro tabernáculo que o Senhor erigiu, não o homem. Agora, com efeito, obteve Jesus ministério tanto mais excelente, quanto é ele também Mediador de superior aliança instituída com base em superiores promessas. Porque, se aquela primeira aliança tivesse sido sem defeito, de maneira alguma estaria sendo buscado lugar para uma segunda.

O Senhor prometeu que na nova aliança feita em Jesus, suas leis seriam impressas em nossas mentes, também sobre o nosso coração elas seriam inscritas. De modo que, não precisamos mais ensinar ao nosso próximo, nem ao nosso irmão a conhecer ao Senhor, porque todos lhe conhecem pela fé, desde o menor deles até ao maior. Ele mesmo, o Senhor Jesus usa de misericórdia conosco e dos nossos pecados jamais se lembrará. A Nova Aliança torna antiquada a primeira. Ora, aquilo que se torna antiquado e envelhecido desaparece.

Cristo veio como sumo sacerdote dos bens que já temos aqui, ou seja, toda sorte de bênção espiritual mediante o maior e mais perfeito tabernáculo, não feito por mãos, quer dizer, não desta criação, não por meio de sangue de bodes e de bezerros, mas pelo seu próprio sangue, que entrou no Santo dos Santos, uma vez por todas, tendo obtido eterna redenção para nós. Portanto, se o sangue de bodes e de touros e a cinza de uma novilha, aspergidos sobre os contaminados, os santificavam, quanto à purificação da carne, (purificação exterior), muito mais o sangue de Cristo, que, pelo Espírito eterno, a si mesmo se ofereceu sem mácula a Deus, purificará a nossa consciência de obras mortas, para servirmos ao Deus vivo!

Ora, a antiga aliança era sombra do que temos em Cristo, não a imagem real das coisas. A lei nunca tornou os ofertantes de sacrifícios perfeitos, com os mesmos sacrifícios que, ano após ano, perpetuamente, eles ofereciam. Se eles tivessem sido purificados não teriam continuado a oferecer os mesmos sacrifícios recordando seus pecados todos os anos, porque é impossível que o sangue de touros e de bodes remova pecados. A purificação de Jesus é por dentro e não por fora como no Velho Testamento. O novo caminho não é apenas de obediência, mas de transformação: "se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas". "Se confessarmos os nossos pecados, ele (Jesus) é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça".

Jesus nos dá intrepidez, coragem, confiança, e segurança, para entrar no Santo dos Santos, pelo seu sangue. Ele nos abriu um novo e vivo caminho; ele mesmo é o caminho em nossa caminhada, a verdade em nossa transparência, e a vida vivida em nós. O caminho é novo porque é único, e o antigo desapareceu porque era apenas sombra do que encontramos apenas em Jesus; é vivo porque dá vida. No momento em que Jesus morria na cruz, o véu do santuário se rasgou em duas partes de alto a baixo abrindo para nós o acesso a Deus. Esse acesso hoje não se restringe a um local, um horário, um ritual; ele está ao nosso alcance agora mesmo. É como a escada que ligava a terra ao céu no sonho de Jacó às margens da estrada, onde os anjos de Deus subiam e desciam por ela. Ao despertar Jacó do seu sono, disse: "Na verdade, o SENHOR está neste lugar, e eu não o sabia". Muitos continuam sem saber que Deus é acessível a todos que queiram receber misericórdia e socorro sempre que precisarem. É preciso criar consciência disso e viver na sala do trono, na presença de Deus.

O caminho continua novo porque ainda não foi devidamente assimilado e assumido. Os crentes continuam confundindo igreja com templo, dia de descanso com domingo, sacerdotes com pastores, cantores evangélicos com levitas, e santificação com sacrifícios de tolos. Todos dizem viver pela fé, mas na verdade vivem de obras mortas pelo desempenho contínuo de um exercício espiritual que tem aparência de piedade, mas nenhum poder contra o pecado. O ativismo narcisista dos crentes mostra uma igreja inquieta que ainda não se converteu nem descansou em Deus, como já dizia o profeta Isaías: "Em vos converterdes e em sossegardes, está a vossa salvação; na tranquilidade e na confiança, a vossa força, mas não o quisestes" (Is 30.15). Minha esperança é que os últimos cristãos na Terra sejam os primeiros a viverem o novo caminho com a pureza e a simplicidade devidas ao Evangelho de Jesus.

Antonio Francisco – Cuiabá, 17 de agosto de 2013 – Voltar para Um novo caminho.

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