Existe liberdade para você

Se você é viciado, está preso em hábitos, tem manias que lhe incomodam, algum complexo que lhe causa problemas, medos imaginários, ou algo semelhante, talvez por isso mesmo se interesse pelo título desse artigo. Mas se você participa de uma “igreja”, é possível que tenha a mesma reação dos religiosos ao ouvirem Jesus falar em liberdade: “jamais fomos escravos de alguém”, porque para eles liberdade era pertencer ao judaísmo, assim como hoje é pertencer a uma "igreja".

A liberdade religiosa é um dos piores engodos da nossa sociedade. Tenho dito que a “igreja” faz alguns se sentirem escravos felizes, enquanto outros vivem um tédio. Ainda assim multidões têm vivido na escravidão religiosa. E não estou me referindo ao paganismo tribal ou primitivo, estou pensado mesmo é na chamada “igreja evangélica”, que, com raras exceções se tornou um campo de concentração dos infelizes de Jesus. As pessoas se aculturam ao jeito de ser das “igrejas” e pensam que essa é a vida de Deus para elas. A verdade é que Deus tem muitos que a “igreja” não tem, e a “igreja” tem muitos que Deus não tem.

Uma vez engajada na “igreja”, a pessoa recebe tudo como vindo de Deus sem nada contrariar com medo de desagradar a Deus. Mas, nas palavras de Albert Camus, “nada é mais desprezível do que o respeito baseado no medo”. E desse jeito as pessoas vão acreditando sem pensar, sem analisar, sem criticar, e não entendem porque a mensagem do evangelho não combina com o estilo de vida que levam. Muitos chegam a dizer: “O que a Bíblia diz não funciona na minha vida”. E a razão para isso é que confundem o Evangelho de Jesus com as doutrinas humanas, os estatutos, as invenções, as crendices, as imposições, regra e mais regra, e preceito sobre preceito que as igrejas impõem aos seus membros. É por isso que a “igreja” está cheia de crentes fakes – a “igreja” está cheia de pessoas vazias. Um sagaz observador disse: “Vocês cristãos parecem possuir uma religião que os faz miseráveis. Vocês se assemelham a um homem com dor de cabeça. Ele não deseja livrar-se de sua cabeça, mas ela lhe é uma contínua aflição. Não esperem que os de fora estejam ansiosos por conseguir coisa tão desoladora”. “Não se acostume com o que não o faz feliz”, dizia Fernando Pessoa.

“O primeiro passo para fazermos no nosso tempo o que Jesus fez no dele é, incrivelmente, abrir mão de qualquer palavra de condenação contra os ateus, os feiticeiros, os satanistas, os liberais, os wiccans, os macumbeiros, os budistas, os hindus, os animistas – agnósticos e pagãos de todos os matizes. O alvo da nossa intolerância deve ser outro, o alvo que foi também o de Jesus: os que passeiam pelo mundo crendo ter o aval inequívoco e a credencial indelével do Verdadeiro Deus©. Aqueles que, nas palavras de Paulo, estão 'persuadidos de serem guias dos cegos, luz dos que se encontram em trevas, instrutores de ignorantes, mestres de crianças, tendo na lei a forma da sabedoria e da verdade' – mas que 'ensinam os outros sem ensinarem a si mesmos. Quando apenas esses nos fizerem perder toda a paciência e a compostura; quando apenas esses nos levarem a abrir a boca em imprecações e maldição, estaremos sendo como Jesus. A intolerância de Jesus para com os religiosos em nenhum momento esteve voltada para o que chamaríamos hoje de pagãos, mas contra os que afirmavam terem o monopólio de acesso ao Verdadeiro Deus. A única classe de pessoas que fazia Jesus perder a paciência e a compostura era, formidavelmente, a dos religiosos. Se você quer ser de fato como Cristo é absolutamente necessário dar o primeiro e louquíssimo passo na direção de Deus e para longe da religião. Porque Jesus, como deixam abundantemente claro os evangelhos, promovia e aplicava consistentemente uma forma muito particular de intolerância religiosa: a intolerância contra os religiosos” (Paulo Brabo).

Você já imaginou não ter que ir para a Escola Dominical e poder dormir até mais tarde, não participar de ensaios e ministérios, não participar de nenhuma campanha, não subir ao monte? O que acha de não seguir nenhum dos programas e recomendações que a “igreja” determina? Você pode imaginar fazendo tudo isso sem culpa? A escravidão eclesiástica cria a falsa sensação de segurança e utilidade porque você pensa que é livre e está no centro da vontade de Deus. Fizeram você acreditar que não seguir a agenda da igreja é sinal de frieza espiritual, desvio da fé, e rebeldia. Mas isso não é verdade. Nietzsche disse: “Por vezes as pessoas não querem ouvir a verdade porque não desejam que as suas ilusões sejam destruídas”.

Você pode ser liberto da ilusória liberdade espiritual que a “igreja” lhe ensinou. O primeiro passo para essa possível mudança é admitir que você é dependente da parafernália da “igreja” para se sentir seguro em Deus. “O justo vive pela fé”, pois considera todos os seus lucros espirituais como perda por causa de Cristo, para ser achado nele, não tendo justiça própria, que procede de qualquer esforço, senão a que é mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus, baseada na fé. Harriet Tubman disse: “Libertei mil escravos. Podia ter libertado outros mil se eles soubessem que eram escravos”.

Ser crente se tornou uma prisão com aparência de liberdade, o que é muito triste, porque a pior escravidão é aquela que é mantida em nome de Deus. Os deveres e obrigações em nome da “obediência a Deus” passam pelo crivo da “igreja” e da sua liderança, e nisso está a lástima da religiosidade evangélica. Por essas e outras razões é que deixei de ser evangélico para ser do Evangelho, porque ninguém consegue sobreviver dentro de uma “igreja evangélica” tendo apenas o Evangelho como sua “regra de fé e prática”.

Mas, tenho coisas boas para lhe dizer. A prisão religiosa é imaginária, porque na verdade ela não existe. Aliás, em Cristo todas as prisões se abrem pela fé no seu nome. Rompa com os grilhões religiosos hoje mesmo. “Para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Permanecei, pois, firmes e não vos submetais, de novo, a jugo de escravidão” (Gl 5.1). Se agora mesmo você colocar o pé para fora dessa cela imaginária que lhe aprisiona, você verá que a liberdade existe em Cristo Jesus. Shakespeare disse que “o horror visível tem menos poder sobre a alma do que o horror imaginado”. Se você chegou até aqui, veja esse vídeo e tire suas conclusões:



Antonio Francisco - Cuiabá, 13 de julho de 2013 - Voltar para Um novo caminho.

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