A paz que reina no coração

O evangelho nos fala de um estilo de vida que parece fugir da realidade possível. Encontramos por toda a Bíblia promessas que parecem inatingíveis na experiência. Isso significa que a Bíblia é um livro utópico de poesias não existenciais, ou poucas pessoas acreditam no que ela diz e por isso mesmo não vivenciam o que é oferecido? Certamente a incredulidade nos impede de ver a glória de Deus e de experimentar o que Deus tem preparado para aqueles que o amam.

Palavras bíblicas, como, “Graças, porém, a Deus, que, em Cristo, sempre nos conduz em triunfo e, por meio de nós, manifesta em todo lugar a fragrância do seu conhecimento”, e, “mais que vencedores, por meio daquele que nos amou”, parecem muito distantes do agitado dia a dia que nos envolve com tanta inquietação, ansiedades, medo, conflitos, desequilíbrio mental e emocional, vazio espiritual, pânico. É possível experimentar a paz de Deus no coração?

Vamos nos deter um pouco na paz. Vejamos algumas referências acerca da paz que Deus oferece àqueles que nele confiam e vejamos até que ponto elas encontram pouso em nossa vida ou temos que dizer apenas que elas são fictícias, pelo menos para nós:

“O SENHOR sobre ti levante o rosto e te dê a paz” (Nm 6.26).

“Em paz me deito e logo pego no sono, porque, SENHOR, só tu me fazes repousar seguro” (Sl 4.8).

“Grande paz têm os que amam a tua lei; para eles não há tropeço” (Sl 119.165).

“Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como a dá o mundo. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize” (Jo 14.27).

“Estas coisas vos tenho dito para que tenhais paz em mim. No mundo, passais por aflições; mas tende bom ânimo; eu venci o mundo” (Jo 16.33).

“Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo” (Rm 5.1).

“Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo” (Rm 14.17).

“E o Deus da esperança vos encha de todo o gozo e paz no vosso crer, para que sejais ricos de esperança no poder do Espírito Santo” (Rm 15.13).

“E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o vosso coração e a vossa mente em Cristo Jesus” (Fp 4.7).

“Seja a paz de Cristo o árbitro em vosso coração, à qual, também, fostes chamados em um só corpo; e sede agradecidos” (Cl 3.15).

Por desconhecerem a paz de Deus no coração, muitos acabam aceitando a palavra dos falsos profetas que curam superficialmente a ferida do povo, dizendo: Paz, paz; quando não há paz. Isso acontece porque muitos pensam que paz é resultado de tudo favorável a nós, e nunca algo que exista para além do entendimento e do conforto pessoal. Achar que a paz de Deus é sinônimo de tudo bem em tudo, é não conhecer a paz que Cristo dá. Perder a paz diante das adversidades da vida, como, doenças, falta de dinheiro, dores, rejeição, por exemplo, é conhecer apenas a paz que o mundo oferece.

A paz de Deus que excede todo o entendimento e age como árbitro em nossos corações, envolve tudo em nossa vida, caso contrário essa paz não existe como paz de Deus. Mas, a paz é cada vez mais desconhecida neste mundo de egoísmos exacerbados. Aliás, para muitos, a paz pouco importa e a consciência tranquila não existem, desde que os desejos sejam satisfeitos a qualquer custo. Ter, nestes dias, vale mais do que ser; e quem pensa assim sempre acreditará que a paz de Deus é uma utopia.

Qual a idéia de paz em nossa sociedade? É tudo funcionar a meu favor, é ver minha agenda dando certo, é realizar todos os sonhos, é ser cabeça e não cauda, é ter reconhecimento público, é ser validado pelos títulos, é ter dinheiro, propriedades, é ser “alguém” importante, mesmo que tudo isso exista numa pessoa angustiada e triste de alma. Todos querem ter o melhor perfil, mesmo que seja verdadeiro apenas no Facebook. Essa é a paz que a maioria procura, mas não é a paz que Jesus dá.

Paulo mostrou o que é ter paz: “Pelo contrário, em tudo recomendando-nos a nós mesmos como ministros de Deus: na muita paciência, nas aflições, nas privações, nas angústias, nos açoites, nas prisões, nos tumultos, nos trabalhos, nas vigílias, nos jejuns, na pureza, no saber, na longanimidade, na bondade, no Espírito Santo, no amor não fingido, na palavra da verdade, no poder de Deus, pelas armas da justiça, quer ofensivas, quer defensivas; por honra e por desonra, por infâmia e por boa fama, como enganadores e sendo verdadeiros; como desconhecidos e, entretanto, bem conhecidos; como se estivéssemos morrendo e, contudo, eis que vivemos; como castigados, porém não mortos; entristecidos, mas sempre alegres; pobres, mas enriquecendo a muitos; nada tendo, mas possuindo tudo” (2Co 6.4-10).

Os versículos citados acima falam da paz com Deus e da paz de Deus. A primeira é para quem crê em Deus; já a segunda é para quem aprendeu a viver com Deus. A maioria não conhece a paz com Deus nem a paz de Deus. Muitos têm paz com Deus, mas bem poucos sabem o que é a paz de Deus. A paz com Deus nos livra do medo do inferno e nos faz desejar o céu; a paz de Deus nos faz amar Jesus e viver para o seu inteiro agrado. Essa paz é única, excede todo o entendimento e guarda o coração do mal. Essa paz só existe para quem está em Cristo pela fé.

Antonio Francisco - Cuiabá, 26 de novembro de 2012 – Voltar para Um novo caminho.

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