Jesus - o único caminho

“Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas (...). E, quando eu for e vos preparar lugar, voltarei e vos receberei para mim mesmo, para que, onde eu estou, estejais vós também. E vós sabeis o caminho para onde eu vou. Disse-lhe Tomé: Senhor, não sabemos para onde vais; como saber o caminho? Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim” (Jo 14.1-6).

Jesus estava se despedindo de seus discípulos, falando com eles na última semana antes de sua morte na cruz. Naqueles dias ele lhes deu muitas palavras de consolo, pois sabia que ficariam tristes com o que aconteceria em breve. Falou-lhes para que não se angustiassem nem se agitassem, mas que confiassem nele. Ele estava voltando para o Pai com o propósito de lhes preparar morada eterna. Ele garantiu que no céu há muitas moradas, cabendo ali todo aquele que nele crê. Depois ele voltaria para recebê-los definitivamente.

O que Jesus disse para os seus primeiros discípulos vale para cada um de nós hoje. Ele diz para não ficarmos agitados por nada e confiarmos nele em toda e qualquer situação. É bem verdade que vivemos numa sociedade cheia de agitações que nos envolvem de muitas maneiras; são problemas familiares, doenças, questões financeiras, relacionamentos conturbados, medos, e uma infinidade de dificuldades muitas vezes inimagináveis. Mas, a vida não é feita apenas de dificuldades, claro. Quantas coisas boas podem ser enumeradas como parte integrante de nossas vidas? Certamente muitas, ao longo da caminhada. Porém, podemos ter certeza que nada nos satisfaz plenamente nesta vida, porque nossas raízes estão no céu, como disse Salomão: “Tudo fez Deus formoso no seu devido tempo; também pôs a eternidade no coração do homem” (Ec 3.11). Conscientes ou não, desejamos nos relacionar com Deus e nossa alma só ficará satisfeita nele.

Jesus estava há três anos com aquelas pessoas - o tempo todo. Eles comiam, dormiam, viajavam, frequentavam a sinagoga, sempre juntos. Nesse período Jesus lhes ensinava com palavras e obras, ou seja, eles aprendiam de Jesus não apenas como um professor que lhes dava aulas, mas, sobretudo aprendiam dele, com sua vida, suas atitudes, seu modo de ser. Eles deveriam conhecê-lo muito bem, mas não era o que parecia. Quando Jesus lhes disse: “E vós sabeis o caminho para onde eu vou”. Tomé, um dos apóstolos, disse: “Senhor, não sabemos para onde vais; como saber o caminho?”. Essa intervenção de Tomé extraiu de Jesus uma das declarações mais lindas feitas por nosso Mestre: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim”. Essas palavras merecem nossa atenção.

Jesus é o caminho para Deus, para a casa do Pai, para o céu. Mas, muitos confundem esse caminho com um estilo de vida religioso centrado numa conduta condizente com as determinações de alguma igreja. Essas pessoas geralmente são meticulosas, legalistas, zelosas de regulamentos que no entender delas é o caminho para Deus, chegando a dizerem que esse caminho é Jesus. Os que vivem desse modo, quase sempre são pessoas chatas, superficiais, vivendo apenas de exterioridades; são pessoas ralas, emotivas, melindrosas e ofensivas. Não era disso que Jesus falava quando disse ser o Caminho. Esse seria o caminho anti-Deus, não para Deus.

Quando Jesus disse ser o caminho, ele estava falando de um relacionamento pessoal com ele sem nenhum vínculo religioso castrante, opressor, regulamentador, obsessivo. Jesus disse: “Meu jugo é suave, e o meu fardo é leve”. Os mandamentos do Senhor não são difíceis, principalmente quando temos a consciência que andar no caminho que é Jesus, é viver em obediência ao mandamento do amor. Jesus disse: “Se me amais, guardareis os meus mandamentos” (Jo 14.15). Esse é o nível de relação que Jesus quer ter com você e comigo, um relacionamento de amor. E quando o amor é a força motriz de um relacionamento, tudo fica fácil e agradável. Nessa relação de amor obediente no caminho, adquirimos novos valores conforme o Evangelho. Eles nos fazem bem e nos protegem de andar por trilhas perigosas.

Jesus também disse ser a verdade. E aqui aparecem os “defensores da verdade”, os da doutrina, da correção, do dedo em riste, das regras, do moralismo, os chauvinistas defensores de suas siglas institucionais, seus clubes religiosos, os que disciplinam e excluem. “Eu sou a verdade”. O que Jesus quis dizer com essa afirmação? Uma boa resposta está nas palavras do próprio Jesus: “Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (Jo 8.32). Jesus não falava de cabrestos, currais, guetos, quando se referiu à verdade. Ele disse que viver com ele, é viver a vida como ela é, sem aparências, sem máscaras, sem fingimentos. Ao contrário do que muitos pensam, quando andamos com Jesus, encontramos o sentido da vida, temos percepção e conteúdo para viver com qualidade. O certo e o errado são distintos, mas a verdade não esmaga, pelo contrário, ela liberta e nos posiciona na vida com firmeza e segurança.

Atendendo à pergunta de Tomé Jesus também disse: “Eu sou a vida”. Mas ele não estava falando de gaiatice, do frenesi sentimentalista que caracteriza muitos religiosos que são como bolhas, vazios da verdade, sem esperança da vida eterna porque não conhecem o caminho que é Jesus, mas que se alimentam de pulinhos e sensações “espirituais”. Usam chavões e gritam palavras de ordem em seus cultos, mas não vivem, pelo contrário, vegetam; sabem que no dia a dia a vida que levam não casa com as histerias nos locais e horários de coreografia religiosa na coletividade dos “irmãos”. Jesus é a vida porque ele dá a vida. “Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10.10). Quem tem vida tem emoções, afeto, mas, sobretudo, ama e perdoa. A vida com Jesus é mais que existência, é mais que vida bios, é vida eterna - vida para sempre depois da morte, mas também a eternidade na vida aqui.

Em Jesus, você e eu podemos andar com confiança e segurança. Jesus nos conduz pelos caminhos da vida; na sua presença há plenitude de alegria, na sua destra, delícias perpetuamente. Em Jesus podemos viver com naturalidade sem termos que nos cobrir com nenhuma capa, pois aquele que nos conhece e nos ama, também nos aceita, fazendo-nos viver na verdade em todas as dimensões da vida. “Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados” (Ef 2.1). A religião engessa as pessoas num tubo chamado de “vida cristã”, mas só Jesus oferece a vida abundante, vida livre, e tudo de graça por meio da fé nele.

Antonio Francisco - Cuiabá, 25 de agosto de 2012 - Voltar para Um novo caminho.

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