"Quanto a ti, segue-me"

De uma coisa você e eu podemos ter certeza: Deus nos ama de modo incondicional; seu amor por nós é eterno e imutável. Isso quer dizer que nossa relação com Deus deve ser fundamentada no amor mútuo como ele sempre quis. Essa compreensão é indispensável para que experimentemos de fato o que é viver com Deus conforme a revelação do Evangelho, pois, “crer é também pensar”.

Em João 21, lemos que depois da ressurreição Jesus manifestou-se aos seus discípulos junto do mar de Tiberíades, o mesmo que mar da Galileia. Lá estava Simão Pedro, Tomé, Natanael, os filhos de Zebedeu e mais dois dos seus discípulos. Logo que Jesus morreu Pedro voltou a pescar, chamou os amigos e eles o acompanharam. Mas, naquela noite de pesca nada apanharam (a noite era preferida para se pescar). Deve ter sido uma noite muito desagradável para pescadores experientes como eles, pescar e nada conseguir. Além disso, viviam a sensação de perda pelo fato de Jesus ter morrido e não mais viver com eles naquele convívio tão próximo como o que tiveram durante três anos seguidos de fortes experiências.

Mas, ao clarear da madrugada eles tiveram uma surpresa maravilhosa, Jesus estava na praia; contudo eles não o reconheceram. Jesus tomou a iniciativa e lhes falou de modo amável dizendo: “Filhos, tendes aí alguma coisa de comer?”. Eles responderam que não tinham nada para comer. Jesus lhes mandou lançar a rede à direita do barco. Eles assim fizeram e já não podiam puxar a rede, tão grande era a quantidade de peixes. Naquele momento João disse a Pedro: “É o Senhor!”. Quando Pedro ouviu isso, vestiu-se, porque estava nu, e pulou na água. Enquanto isso os outros discípulos vieram no barquinho puxando a rede com os peixes; porque não estavam distantes da praia senão cerca de noventa metros.

Ao saltarem em terra encontraram um lanche quentinho de peixes e pão. Jesus lhes pediu alguns peixes frescos. Enquanto isso Pedro arrastava a rede para a terra, cheia de cento e cinquenta e três grandes peixes. Em seguida Jesus lhes disse: “Vinde, comei”. Literalmente ele disse: “Tomem o desjejum”. O ambiente ficou emocionante. Todos sabiam que era Jesus quem estava com eles, mas ninguém ousava perguntar se era ele mesmo, enquanto Jesus lhes serviu a comida. Aquela já era a terceira vez que Jesus se manifestava aos discípulos, depois de ressuscitado dentre os mortos.

Depois de terem comido, Jesus perguntou três vezes a Pedro: “Tu me amas?”. Ele queria ouvir uma confissão de amor, pois Pedro dava sinais de recuo e de desânimo. Depois de negar Jesus três vezes ele afirmou três vezes que amava a Jesus. Diante de cada declaração de amor, Jesus pedia que Pedro cuidasse de suas ovelhas, mostrando assim que nosso serviço ao Senhor deve ser na base do amor e não do medo e da obrigação. Logo a seguir Jesus falou do modo como Pedro haveria de glorificar a Deus com sua morte, e acrescentou: “Segue-me”. Pedro observou que João também o ia seguindo e perguntou a Jesus: “E quanto a este?”. A resposta de Jesus foi clara ao afirmar que Pedro não deveria se importar com João naquela situação. O que Jesus disse depois também é importante para nós: “Quanto a ti, segue-me”.

Um problema comum na maioria das pessoas se chama procrastinação. Mesmo atendendo ao chamado inicial de Jesus, Pedro a essa altura ainda se mostrava um vacilão. Tão logo Jesus foi pregado na cruz Pedro voltou ao estilo de vida anterior. Foi assim que Jesus o encontrou na praia – nu com cheiro de peixe e um tanto reticente. Até ali Pedro ainda era um discípulo mediano sem o cerne próprio de quem foi plantado no chão do Evangelho e aprendeu a beber na fonte que jorra para a vida eterna. Ele ainda estava dependendo da atitude de outros quanto à sua determinação radical de seguir ao Mestre.

A Bíblia é um livro de relacionamentos, no Antigo Testamento Deus escolheu uma nação, no Novo Testamento seu povo é a Igreja, comparada a um rebanho, um corpo, uma família, uma nação, entre outras expressões de coletividade. Mas, tudo isso não anula o aspecto pessoal e particular da relação com Deus, visto que “cada um de nós dará contas de si mesmo a Deus”. Enquanto nos importamos com a vida alheia e facilmente voltamos atrás, Jesus está dizendo a cada um de nós o que disse para Pedro: “Quanto a ti, segue-me”.

Este é um tempo de decisão quanto ao nosso relacionamento com Jesus. Facilmente as pessoas se posicionam quanto ao esporte, a economia, a educação, ao que comprar, ao que comer, ao que vestir, mas, poucas tomam a de-cisão de seguir Jesus. Isso é muito pessoal e não há como ficar neutro. Seguimos ou não seguimos Jesus, cremos nele ou não cremos, decidimos viver com ele e para ele, ou, nos contentamos com uma religiosidade estéril, formal, culposa, ritualista e sem vida. Jesus continua dizendo: “Quanto a ti, segue-me”.

Antonio Francisco - Cuiabá, 21 de maio de 2012 – Voltar para Um novo caminho.

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