O mais importante é o amor

Um intérprete da Lei perguntou a Jesus: "Qual é o grande mandamento na Lei?" Ao que ele respondeu: "Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento. O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas" (Mt 22.34-40).

Se há uma palavra que resume a necessidade das igrejas, é a palavra “qualidade”. Cultos com templos lotados e o ativismo desenfreado pouco ou nada dizem sobre a qualidade de vida de uma igreja. O mais importante é o amor – essa é a marca do cristão, é a identidade da Igreja de Jesus, que disse: “Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros” (Jo 14.34-35). Lamentavelmente muitos pastores só se interessam em contar cabeças como um fazendeiro desejoso de aumentar seu rebanho para o seu bel prazer e se exibir diante dos outros “fazendeiros”. É comum os pastores se cumprimentarem dizendo: ‘Quantos membros tem sua igreja?’. Mas, que importa, se as igrejas estão cheias de pessoas vazias e cansadas!? Quando não existe amor entre os que fazem parte da igreja, as pessoas vão se cansando do lugar onde estão, e isso horrível, pois onde deveria ser visto o amor, não há amor.

Os crentes falam muito em amor, o que não sabem de fato é amar, pois são especialistas em teorias sobre a prática do amor. A verdade é que todos nós precisamos aprender a amar e é possível aprender amar, e só se aprende a amar amando. Esse é um ingrediente indispensável no crescimento de uma igreja – o amor. Acredito que uma igreja pode crescer sem amor, mas é um crescimento sem qualidade, na verdade é um inchaço, e é isso que vejo acontecer em nosso país. As igrejas crescem numericamente, mas as pessoas não mudam de vida, apenas se amoldam a um sistema religioso que as ilude com atividades que supostamente as aproxima de Deus. O amor dentro das igrejas é apenas de fachada, é um amor aparente. Ninguém se interessa de fato pela vida de ninguém, é um amor que só existe dentro dos cultos com gestos e declarações vazias. Isso sem falar que aqueles que pecam dentro da igreja, são claramente rejeitados, porque o amor dos crentes é um amor moralista, eles não conseguem amar os errados. Mas, como disse Jesus, as pessoas só saberão que somos dele se tivermos amor uns pelos outros.

Muitas pessoas vivem solitárias em igrejas que estão crescendo numericamente, mas, e daí, que importância tem isso se não existe amor entre as pessoas? Seminários sobre o crescimento da igreja são promovidos cada vez mais, dinheiro é gasto em grandes somas nesse objetivo, mas, onde está o amor? Ainda ontem ouvia um desses conhecidos pregadores da televisão respondendo uma carta de uma mulher que se declarava culpada porque há anos havia recebido uma herança e não tinha entregado o dízimo daquele valor. Ela queria saber o que fazer. O missionário foi enfático em dizer que ela tinha que voltar à prática das primeiras obras e entregar todo aquele dízimo, porque sua vida estava parada desde aquele dia. Achei aquilo estranho e fiquei pensando que a vida daquela mulher culpada poderia ficar pior depois daquela resposta à sua carta. Será que ela teria que pedir dinheiro emprestado para entregar para a igreja o valor daquele dízimo? Isso é amor? Isso é bíblico? Eu afirmo que não.

A carência de amor é a maior doença dentro das igrejas, o que resulta em rixas, luta pelo poder, fofocas, indiferença, ativismo, tradicionalismo, panelinhas, falta de confiança mútua e tantos outros males que vêm da falta de amor. Pesquisas atestam que, hoje em dia, um quarto da população sofre de solidão crônica. Ela é uma das causas mais comuns de suicídio. Nos países ricos do primeiro mundo o índice de suicídios é cada vez maior. E o que as igrejas têm a ver com isso? Elas têm tudo a ver porque esse problema da solidão afeta também as igrejas. Faça uma pesquisa e você constatará que o que digo é verdade – as igrejas estão cheias de pessoas vazias. Isso sem falar das doenças psicossomáticas que também dizem respeito aos crentes.

Tentando ser mais prático eu pergunto: O que você que me ler nesse artigo está fazendo que demonstre amor dentro de sua casa, no trabalho, na escola, na rua que você mora, e em sua igreja? Tenho visto muitas críticas contra a falha dos outros, mas poucas pessoas se dispõem a fazer a diferença, amando a Deus e ao próximo como a si mesmas. As igrejas criticam a falta de amor no mundo, mas esse amor não é visto nela. Precisamos minimizar as estruturas e maximizar os relacionamentos, deixando de rejeitar os que são diferentes e amar a todos indistintamente como Jesus quer.

Antonio Francisco - Cuiabá, 11 de março de 2012 – Voltar para Um novo caminho.

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