Livres de cabrestos

Hoje li a carta de Paulo aos Gálatas de uma assentada, parando um pouco para meditar e ri maravilhado com a beleza do evangelho. Paulo diz que seu apostolado não foi recebido de homens nem mediante homem nenhum, mas por Jesus Cristo, que se entregou a si mesmo por nós, para nos desarraigar deste mundo, segundo a vontade de nosso Deus e Pai, a quem seja a glória pelos séculos dos séculos. Amém!

Paulo ficou admirado ao saber que as igrejas da Galácia estavam passando tão depressa da graça de Cristo para outro evangelho, o qual não é outro, senão a perturbação de alguns que queriam perverter o evangelho de Cristo. Paulo reagiu dizendo ser isso inaceitável, pois qualquer outra mensagem que contrarie o evangelho que ele pregou é maldita, inclusive, malditos sejam os pregadores desse “outro evangelho”, mesmo que fossem todos os apóstolos, ou até mesmo um anjo vindo do céu.

A liberdade em Cristo é igual para todos independente de raça, cor, língua ou nação. Assumir essa verdade implica não temer os críticos legalistas ou líderes religiosos que tentam dominar os incautos. Naqueles dias os judeus cristãos diziam que para alguém ser salvo, perdoado por Deus, tinha que guardar as leis do Antigo Testamento, como a circuncisão, por exemplo. Paulo nessa carta refutou essa heresia dizendo que o homem não é justificado (declarado justo por Deus), por obras da lei, e sim mediante a fé em Cristo Jesus. Isso vale igualmente para judeus e não judeus de todo o mundo em todos os tempos. Quando alguém entende e aceita essa verdade, ela morre para a lei e deixa Cristo viver nela por meio da fé.

Paulo chama os gálatas de insensatos. Eles foram fascinados e ludibriados por falsos pregadores que os desviaram da mensagem simples e pura do evangelho. Jesus Cristo foi exposto para eles como crucificado; eles receberam o Espírito Santo pela pregação da fé e não pelas obras da lei. Mas, depois de pouco tempo se tornaram insensatos querendo aperfeiçoar a vida cristã por meio de méritos humanos e não pela ação do Espírito Santo.

Abraão é lembrado como alguém que creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça. Os filhos de Abraão não são os judeus naturais, mas os que são da fé. Deus preanunciou o evangelho a Abraão dizendo que em todos os povos os da fé seriam abençoados. Porém, os que querem viver conforme as obras da lei estão debaixo de maldição, pois, é evidente que, pela lei, ninguém é justificado diante de Deus, porque o justo viverá pela fé. Esse é o evangelho, que Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar.

A promessa da salvação pela fé foi feita a Abraão quatrocentos e trinta anos antes da lei de Moisés. Deus prometeu que um descendente de Abraão seria o cumpridor dessa promessa, e esse descendente é Cristo. A lei mosaica não teve nenhum poder para alterar a aliança anteriormente confirmada por Deus a Abraão. A lei foi adicionada por causa das transgressões, até que viesse o descendente de Abraão que é Cristo. Isso não quer dizer que a lei é contrária às promessas de Deus, apenas não pode dar vida aos que querem viver para Deus por ela. A lei condena a todos debaixo do pecado, para que, mediante a fé em Jesus Cristo, fosse a promessa concedida aos que creem.

Antes que viesse a fé, estávamos todos sob a tutela da lei e presos por ela, aguardando a fé que se revelaria por meio de Jesus. A lei nos serviu de aio para nos conduzir a Cristo, a fim de que fôssemos justificados por fé. O aio era uma pessoa de confiança que cuidava de um menino grego ou romano, educando-o ou disciplinando-o até que ele fosse maior de idade. Mas, tendo vindo a fé, já não permanecemos subordinados ao aio. Graças a Deus, por tal liberdade. Ai dos que dependem do aio. Isso já passou, mas muitos continuam dependendo de guias, sistemas, esquemas e doutrinas de homens.

Todos nós podemos ser filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus. A própria Bíblia diz que não estamos mais subordinados ao aio que é a lei do Antigo Testamento. O papel dela era nos conduzir a Cristo. Ela já cumpriu sua parte. Agora vivemos pela fé em Jesus e guiados pelo Espírito Santo. Nascemos na família de Deus pela fé em Jesus com todos os direitos de um filho adulto. Deixamos de ser escravos da lei e do pecado e nos tornamos filhos; e, sendo filhos, também herdeiro de Deus.

Outrora, por não conhecer a Deus, servíamos aos ídolos e deuses falsos; mas agora que conhecemos a Deus e o temos como nosso Pai celeste, não podemos voltar a ser escravos de leis ou qualquer sistema fraco que não nos oferece vida, mas tão somente escravidão. Não devemos nos sujeitar a nada que queira controlar nossa liberdade em Cristo; não deixemos ninguém ter qualquer controle sobre a nossa fé; não aceitemos nenhuma regra que contrarie nossa livre consciência no evangelho de Jesus.

Para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Permaneçamos firmes e não nos submetamos, de novo, a nenhum jugo de escravidão. Quem quiser viver pela lei não conhecerá a vida que Jesus Cristo oferece aos que vivem pela fé. O que importa para nós é a fé em Jesus que atua pelo amor. O que importa é ser nova criatura em Cristo Jesus. Mas, andar na pureza e simplicidade do evangelho não nos imuniza das más influências na fé, porque um pouco de fermento leveda toda a massa.

Pouca gente aprende a andar na liberdade, pois é fácil abusar desse estilo de vida proporcionado pelo mover do Espírito Santo e dar lugar aos desejos carnais. É por isso que devemos andar no Espírito para jamais satisfazer os impulsos da carne. Haverá luta constante entre a vontade de Deus e a nossa vontade. Mas, se somos guiados pelo Espírito de Deus, não estamos sob a lei, estamos livres do aio. Aleluia.

Antonio Francisco - Cuiabá, 9 de agosto de 2011 - Voltar para Um novo caminho.

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