Superando o medo da morte

Um hino antigo cantado pelo Ozéias de Paula, diz: “A morte morreu no lenho da cruz e quem a venceu foi Cristo Jesus. Com mãos estendidas cheias de poder, Jesus dá a vida a todo que crer”. Foi exatamente isso que aconteceu e é exatamente isso o que acontece. Jesus matou a morte. A morte deixou de ser um pavor para quem confia em Jesus. Ela é como o sono (1Ts 4.15), uma passagem para a vida plena.

“Visto, pois, que os filhos têm participação comum de carne e sangue, destes também ele, igualmente, participou, para que, por sua morte, destruísse aquele que tem o poder da morte, a saber, o diabo, e livrasse todos que, pelo pavor da morte, estavam sujeitos à escravidão por toda a vida” (Hb 2.14-15).

Ele disse: “Não temas; eu sou o primeiro e o último e aquele que vive; estive morto, mas eis que estou vivo pelos séculos dos séculos e tenho as chaves da morte e do inferno” (Ap 1.17-18). A Bíblia chega a tratar a morte com desprezo: “Tragada foi a morte pela vitória. Onde está, ó morte, a tua vitória. Onde está, ó morte, o teu aguilhão?” (1Co 15.54-55). Assim, para aquele que vive em Cristo, o morrer é lucro (Fp 1.21). Jesus nos dá não apenas a vida biológica, mas também a vida eterna.

Jesus teve medo de morrer? Não. Jesus é o Verbo eterno encarnado (Jo 1.1-18). Ele é a vida (Jo 14.6), por isso, não poderia temer a morte. Ele é “o único que possui imortalidade” (1Tm 6.16). Como homem ele morreu porque quis. Jesus não morreu como inválido ou vítima. A sua morte foi vicária, substitutiva e redentora. Ele disse: “Por isso, o Pai me ama, porque eu dou a minha vida para a reassumir. Ninguém a tira de mim; pelo contrário, eu espontaneamente a dou. Tenho autoridade para a entregar e também para reavê-la. Este mandato recebi de meu Pai” (Jo 10.17-18).

“O último inimigo a ser destruído é a morte” (1Co 15.26). A morte é a inimiga universal de todos os mortais. Ela se manifesta em três etapas. Existe a morte espiritual, a morte física e a morte eterna. A morte espiritual é a condição de todo ser humano ao nascer. Todos nascem espiritualmente mortos (Ef 2.1). A morte física é a mais conhecida e percebida. Todos nós passaremos por ela (Hb 9.27). A morte eterna é a pior. A Bíblia a chama de segunda morte (Ap 2.11; 20.11-15). A morte espiritual é destruída quando entregamos nossa vida a Jesus (Jo 5.24). A morte física já não assusta aos que nasceram de novo (Jo 3.3, 5); para esses a morte é lucro (Fp 1.21). Mas, a morte eterna é o destino eterno dos que rejeitaram a salvação gratuita de Jesus (Mt 25.46; Jo 3.36).

Voltando ao texto inicial de Hebreus 2.14-15, lemos que Jesus destruiu o diabo que tinha o poder da morte. Isso não quer dizer que ele tivesse o poder de matar quem quisesse. O seu poder é de apavorar uma pessoa a vida toda pelo medo da morte. Isso ele fazia e continua a fazer na vida daqueles que ainda não aprenderam a descansar nas mãos seguras de Jesus (Jo 10.27-30). Ninguém precisa mais ser escravo do medo da morte. A morte já morreu em Cristo. O diabo, o pavoroso, foi despojado e exposto ao desprezo. Jesus triunfou dele na cruz (Cl 2.15).

Perder o medo da morte certamente não nos faz provocar a morte. Naturalmente ninguém quer morrer, pois a morte é nossa inimiga e não fomos criados para isso. Perder o medo da morte e da pós-morte é uma coisa; evitar a morte é outra coisa. Quando os religiosos queriam matar Jesus em um lugar ele fugia para outro. Ele nunca deu murro em ponta de faca. Porém, quando chegou o tempo de sua morte, ele mesmo se entregou. Perder o medo da morte não nos torna suicidas.

Viver sem o medo da morte faz toda a diferença no dia-a-dia. Desde a mais tenra idade procuramos compensar a proximidade da morte. Quanto mais alheio às verdades eternas, mais a pessoa se agita para agarrar o máximo que puder e usufruir de tudo o que esta vida lhe oferece. Pois, somente quem está preparado para morrer é que está preparado para viver. Todavia, se realmente não existe vida eterna de gozo e paz na presença de Deus, vale a pena comer e beber, porque amanhã morreremos (1Co 15.32). Mas, não é assim que procedem os filhos de Deus. Esses têm esperança de se encontrarem com o Pai celestial e se preparam para isso (1Jo 3.1-3).

O profeta Isaías disse: “O temor do Senhor será o teu tesouro” (Is 33.6). Isso fecha com chave de ouro a nossa reflexão sobre o medo da morte. Jesus disse: “não temais os que matam o corpo e, depois disso, nada mais podem fazer. Eu, porém, vos mostrarei a quem deveis temer: temei aquele que, depois de matar, tem poder para lançar no inferno. Sim, digo-vos, a esse deveis temer” (Lc 12.4-5). Temer a Deus não é o mesmo que ter medo de Deus. O temor do Senhor implica num amor reverente e confiante. Quem assim teme a Deus não precisa temer nada, nem a morte, pois nada pode nos separar do amor de Deus (Rm 8.38-39). A nossa vida está escondida em Cristo e em Deus. Jesus é a nossa vida (Cl 3.3-4). A morte já caducou.

Billy Graham conta que alguém encontrou São Francisco trabalhando no jardim e lhe perguntou: “O que o senhor faria se soubesse que morreria dentro de dez minutos?” São Francisco respondeu: “Terminaria esta fileira.” Esse é um excelente exemplo de alguém que superou o medo da morte.

Antonio Francisco - Cuiabá, 22 de maio de 2011 - Voltar para Um novo caminho.

Convido você para ouvir a música abaixo:

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