Adoração e tecnologia

Domingo passado em nosso encontro assistimos dois vídeos alusivos ao dia das mães. Foi bom, mas, ali comecei a refletir sobre o lugar da mídia entre nós. Durante a semana olhamos para o computador e a televisão. Por que vídeos na adoração? Não seria mais coerente oferecer um culto pessoal, como expressão do que estamos vivendo e sentindo? Não estou contra a tecnologia, mas devemos ter equilíbrio.

“Porque, quanto ao Senhor, seus olhos passam por toda a terra, para mostrar-se forte para com aqueles cujo coração é totalmente dele” (2Cr 16.9).

Deus está procurando por toda a terra pessoas que lhe entreguem totalmente o coração. Quanto mais pessoal, informal e racional for o culto a Deus, melhor. Acho que ficar assistindo vídeos como parte de um culto a Deus, não seja o melhor uso do tempo para essas ocasiões. Devemos ser sensatos e capazes de discernir entre o que se oferece a Deus e o que se oferece aos homens. Muitas vezes os meios e os modos ficam bem para a apreciação de uma platéia, mas, não como culto a Deus. Não estou ignorando o cuidado em oferecer um ambiente agradável com um som de qualidade, assentos adequados e tudo o mais que faça bem aos participantes. Mas, não é disso que estou tratando aqui. Estou chamando a atenção para evitarmos substituir o culto pessoal, pelo culto eletrônico. Devemos amar a Deus de todo o nosso coração, de toda a nossa alma, de todo o nosso entendimento e de toda a nossa força (Mc 12.30). A tecnologia não pode fazer isso por nós, mesmo que manipulemos os instrumentos. Não confundamos coração com telão. Essas coisas têm o seu lugar, mas não são necessárias para um perfeito culto ao Deus Todo-Poderoso.

Devemos salmodiar ao nosso Deus com harmonioso cântico (Sl 47.7), fazer uso de todos os instrumentos possíveis, com som suave ou alto de acordo com a ocasião (Sl 150), tendo toda a liberdade para nos expressarmos em adoração. Porém, jamais esquecendo que para Deus o ofertante é mais importante que a oferta. A Bíblia diz que “agradou-se o Senhor de Abel e de sua oferta; ao passo que de Caim e de sua oferta não se agradou” (Gn 4.4-5). A melhor tecnologia não vale nada para Deus sem verdadeiros adoradores, ao passo que verdadeiros adoradores sem tecnologia deixam Deus contente. Adoradores e tecnologia podem andar juntos, desde que a tecnologia não seja o foco e não substitua a expressão pessoal e real do encontro.

O profeta Amós anunciou sua mensagem em Israel contra o Reino do Norte por volta do ano 750 a.C. Jeroboão II era o rei num período de prosperidade para o reino. Contudo, a vida espiritual da nação era uma calamidade. Apenas para ilustrar, vejamos a maneira como Deus tratou o culto de Israel naquela época: “Aborreço, desprezo as vossas festas e com as vossas assembléias solenes não tenho nenhum prazer. E, ainda que me ofereçais holocaustos e vossas ofertas de manjares, não me agradarei deles, nem atentarei para as ofertas pacíficas de vossos animais cevados. Afasta de mim o estrépito dos teus cânticos, porque não ouvirei as melodias das tuas liras. Antes, corra o juízo como as águas; e a justiça, como ribeiro perene” (Am 5.21-24). Tudo estava aparentemente perfeito, mas Deus não associa a maldade com a solenidade. Deus desprezou o melhor que eles deram e mandou afastar dele o barulho dos cânticos. Por que Deus agiu assim? Porque juntamente com as ofertas e os cânticos bem preparados com a melhor tecnologia, Deus queria que a justiça e a retidão corressem como águas cristalinas de um rio entre eles. Usemos a tecnologia, mas não dependamos dela nem inventemos maneiras de usá-la em um culto.

No encontro de Jesus com a mulher Samaritana ficou claro que Deus não valoriza local de adoração. A mulher apontou o monte onde os samaritanos adoravam e sabia que os judeus adoravam em Jerusalém (Jo 4.20), mas, Jesus lhe disse que não se trata de local, porque os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque são estes que o Pai procura para seus adoradores (Jo 4.21-24).

Jesus disse: “Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles” (Mt 18.20). Como é bom saber que não precisamos de nada quando nos encontramos para adorar a Deus. Nossas vozes de louvores, a mensagem da Bíblia, as orações, e a comunhão, bastam quando o povo de Deus se congrega. Amém.

Antonio Francisco - Cuiabá, 15 de maio de 2011 - Voltar para Um novo caminho.

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