A cura do geraseno

Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com poder, o qual andou por toda parte, fazendo o bem e curando a todos os oprimidos do diabo, porque Deus era com ele (At 10.38). O diabo continua oprimindo as pessoas em nossos dias e precisam ser liberto pelo poder de Jesus, que é mesmo ontem e hoje e para sempre (Hebreus 13.8). Jesus continua curando oprimidos do diabo nos dias atuais.

A uns 56 km a sudoeste do mar da Galiléia ficava Gerasa, que fazia parte de uma região chamada Decápolis, uma associação de dez cidades-estados gregas. Era uma população gentílica que Jesus visitou e realizou a libertação de um homem endemoninhado (Mc 5.1-20).

1. O homem possesso

Logo que saiu do barco ao chegar à outra margem do mar, veio ao encontro de Jesus um homem possesso de espírito imundo, ou seja, aquele homem estava cheio de demônios. Quando Jesus perguntou ao demônio: “Qual é o teu nome?”. O demônio respondeu: “Legião é o meu nome, porque somos muitos”. Legião era uma corporação do exército romano que tinha 6.000 homens. O paralelo mostra que aquele homem poderia estar possuído por cerca de 6.000 demônios. Imagine o que é ter milhares de personalizadas malignas dentro de si falando ao mesmo tempo e estimulando apenas maldades!

Os espíritos malignos deixaram aquele homem completamente anormal. Ele vivia nos sepulcros e ninguém era capaz de prendê-lo, mesmo com correntes. Muitas tentativas já haviam sido feitas, mas ele destruía tudo que usavam para detê-lo. Ele possuía uma força sobrenatural e era incontrolável por meios humanos. O comportamento do homem era de alguém completamente atormentado. Ele não dormia, era inquieto, andava gritando de um lado para outro de dia e de noite. Além disso, ele se cortava com pedras, o que mostra a natureza dos demônios, que é destruir suas vítimas.

Você pode imaginar um homem desses vivendo em seu bairro, ou em sua rua? “Deus me livre”, você deve estar dizendo. Eu também digo o mesmo, mas, essa situação não está tão longe quanto parece. O caso desse homem mencionado no Evangelho de Marcos, capítulo 5 dos versos 1 a 20, não é tão comum entre nós quanto em algumas partes do mundo, mas nem por isso o problema deixa de ser real, pois muitas pessoas com as quais convivemos e cruzamos no dia a dia são influenciadas diretamente por demônios, mesmo que não manifestem os mesmos sintomas do homem que estamos considerando. Eu não diria que toda patologia física e emocional sejam causadas por demônios, mas, certamente que o número de pessoas que vivem atormentadas por espíritos maus em nossos dias é muito maior do que imaginamos. Pessoas que ouvem vozes, que parecem ter várias personalidades, têm medos imaginários, pesadelos, doenças sem causas orgânicas, companhias imaginárias que oferecem “proteção”, e tantos outros sintomas que podem evidenciar influência maligna. Tudo isso significa dizer que qualquer pessoa pode ser possessa por demônios em menor ou maior dimensão. Alguns comportamentos ou sentimentos são invocações aos demônios. Mas, os espíritos imundos não precisam de convites, eles podem atormentar qualquer pessoa que não esteja protegida.

2. O encontro com Jesus

A atitude do homem possesso ao encontrar-se com Jesus chama a atenção. Na verdade, uma pessoa endemoninhada não tem noção do que lhe acontece. O controle fica com o espírito imundo. O modo de agir dos demônios diante de Jesus mostra sua autoridade soberana sobre todo o poder do mal. O texto bíblico diz que ao ver Jesus de longe, o homem possesso correu ao seu encontro e o adorou, clamando com alta voz que Jesus não o atormentasse, admitindo que entre eles (demônios) e Jesus não havia nada em comum. Os demônios reconheceram Jesus como o Filho do Deus Altíssimo, eles reconheceram a divindade de Jesus. O espírito imundo apenas suplicou a Jesus e fez tão somente o que lhe foi permitido.

Esse fato ilustra a soberania do Senhor Jesus sobre todo o mal. A Bíblia diz que por sua morte na cruz Jesus despojou todos os poderes malignos, e publicamente os expôs ao desprezo triunfalmente (Cl 2.15). Ele morreu e ressuscitou para ser Senhor tanto de mortos como de vivos (Rm 14.9). “Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai” (Fp 2.9-11). A proteção contra as influências malignas está na pessoa de Jesus. A Bíblia diz: “Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não vive em pecado; antes, Aquele que nasceu de Deus o guarda, e o Maligno não lhe toca” (1Jo 5.18). Jesus libertou aquele homem.

3. A libertação do Geraseno

Jesus ordenou, e todos os demônios que possuíam aquele homem saíram dele. Eles entraram numa manada de porcos que se lançaram ao mar e morreram todos afogados. Certamente houve um prejuízo para os donos dos porcos, mas ficou claro para todos os que presenciaram aquele acontecimento, que para Jesus aquele homem valia muito mais. Em outra ocasião Jesus disse: “Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? Que daria um homem em troca de sua alma?” (Mc 8.36-37).

Aquele homem, antes atormentado, inquieto e louco pelo mal, agora se mostra um homem liberto e consciente. Ao saberem o que Jesus tinha feito pelo homem possesso, as pessoas vieram conferir os acontecimentos, e “viram o endemoninhado, o que tivera a legião, assentado, vestido, em perfeito juízo; e temeram”. O que fora impossível aos homens, foi possível para Jesus. Um homem antes indomável, agora se mostra lúcido, sereno e tranquilo, graças ao poder misericordioso do Senhor Jesus em sua vida.

A Bíblia diz: “Ao irmão, verdadeiramente, ninguém o pode remir, nem pagar por ele a Deus o seu resgate (Pois a redenção da alma deles é caríssima, e cessará a tentativa para sempre.), para que continue a viver perpetuamente e não veja a cova” (Sl 49.7-9). O Evangelho fala de uma mulher que sofrera por doze anos de uma hemorragia, padecendo muito à mão de vários médicos, gastando tudo quanto possuía, sem nada aproveitar, pelo contrário, só piorava. Mas, ao ouvir falar da fama de Jesus, veio e tocou em suas vestes, e ficou imediatamente curada de seu flagelo. Ela creu no Senhor Jesus, e por isso foi curada (Mc 5.25-34). É assim que Jesus faz.

Jesus mesmo disse: “Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres” (Jo 8.36). “Jesus Cristo, ontem e hoje, é o mesmo e o será para sempre” (Hb 13.8). O mesmo Jesus que libertou o homem geraseno, pode curar você e a mim de qualquer mal. Sua palavra de poder está ao nosso alcance: “A palavra está perto de ti, na tua boca e no teu coração; isto é, a palavra da fé que pregamos. Se, com a tua boca, confessares Jesus como Senhor e, em teu coração, creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. Porque com o coração se crê para justiça e com a boca se confessa a respeito da salvação. Porquanto a Escritura diz: Todo aquele que nele crê não será confundido. Pois não há distinção entre judeu e grego, uma vez que o mesmo é o Senhor de todos, rico para com todos os que o invocam. Porque: Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo” (Rm 10.8-13). Crendo assim, podemos começar uma nova vida de liberdade ainda hoje, pois está escrito: “E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas” (2Co 5.17).

Conclusão

Acho linda a conclusão desse relato do Evangelho, mostrando a mudança radical na vida daquele homem. Quando ele viu Jesus saindo do barco, ele gritou atormentado. Agora, liberto, ele suplica a Jesus que o deixasse estar com ele. Essa é a grande evidência de alguém que conhece a Jesus como seu Salvador e Senhor. Ela passa a amá-lo acima de tudo e de todos; não por imposição, mas por amor agradecido, pois, “o amor de Cristo nos constrange” (2Co 5.14). Jesus não permitiu que aquele homem o seguisse, mas o ordenou para que fosse para sua casa e anunciasse o que o Senhor lhe fez e como teve dele compaixão. Isso é interessante, pois é em casa, entre os mais próximos, que devemos começar a evidenciar as transformações de Deus em nossa vida. Aquele homem não se deteve. Ele andou pelas dez cidades de sua região, anunciando a graça de Deus, chamando a admiração de todos.

Antonio Francisco - Cuiabá, 5 de dezembro de 2010 - Voltar para Mensagens.

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